ARTUR LAIZO
Natural de Conselheiro Lafaiete,
nasceu em 08 de novembro de 1960.
Publicações: Coisas da noite;
Maloca querida; É difícil morrer; Lembranças do Oriente; A festa derradeira; A
mansão do Rio Vermelho; Um vampiro nos trópicos - A mansão do Rio Vermelho II
O MUNDO DEPOIS DA PANDEMIA
2050
João X56 andava perto daquela
areia escaldante e achou uma engenhoca que, a princípio, não reconheceu. Pegou
o artefato e olhou para a água do mar que batia vermelha naquele espaço imenso
de areia rosada. E estava sempre procurando alguma coisa.
A orla era o caminho, mas ninguém
ousava entrar na água corrosiva do mar que era habitado somente por seres de
aspecto horripilante, alguns estavam longe da orla pelo tamanho imenso.
Pareciam baleias. Os seres no mar eram adaptados para viverem naquela água
ácida e vermelha.
...
Ele ouviu: “O Rio de Janeiro
continua lindo”... A música continuou. Mas era muito diferente da música. Ele
achou muito divertido e muito estranho. Ele estava no Rio de Janeiro e podia
jurar que nada ali era lindo! O mundo passou por mudanças importantes há trinta
anos e não havia muita semelhança entre o mundo que ficou para trás e aquele
lugar onde estava.
...
O quer aconteceu?
O mundo foi atacado por um vírus
de disseminação rápida e que trouxe muitos dissabores a todos os países.
Ninguém esperava que naquele ano de 2020, que começou de ressaca como todo ano,
haveria uma mudança genética tão importante.
...
O mundo em 2050 deixou de ser
lindo. João X56 nunca conseguiu imaginar como era o planeta Terra antes da
pandemia.
Fonte: Antologia Lafaiete em
Prosa e Verso. LIBÂNIO, Cleonice (org.), 2020.
REUBER LANA ANTONIAZZI
Natural de Conselheiro Lafaiete e
filho de Umberto Antoniazzi e Libânia Lana Antoniazzi. Bacharelou-se em Direito
em Conselheiro Lafaiete, mudou-se para Belo Horizonte, onde formou-se em
Administração de Empresas na UNA, graduando-se ainda em Direito de Empresas, na
Fundação Dom Cabral.
Publicações: Tributo à Rua
Marechal Floriano Peixoto, Contos e Causos de Lafaiete e Amigos, Carta de Luzir
aos Portugueses e Av. Furtado – no tempo do brilho dos paralelepípedos.
...
Na Semana Santa a Marechal era
tomada pela fé. A procissão do encontro, sob a vigília dos padres Antônio e
Ermano José Ferreira, e, o Nêgo Sacristão, emérito ditador. O ponto alto era a
passagem da imagem de Nossa Senhora das Candeias, no Areal, e percorria a rua
para o ato do encontro na Praça São Sebastião. Era uma rezação e velas sem fim,
as frentes das casas singelamente enfeitadas, demonstração viva de fé dos
moradores. A meninada prestava atenção em tudo; menos na procissão.
Até hoje, a procissão do enterro
na Semana Santa da igreja de São Sebastião, passa na Marechal. Sexta-feira
Santa, dia de reciclagem, tempos houveram que o silêncio era imperativo,
festividade religiosa que marca época na cidade. Moisés com seu cajado e as
figuras bíblicas da história do cristianismo, transcendendo os tempos da vinda
de Cristo, memória viva sob os acordes da matraca e dos cantos de Verônica,
interpretado pelo soprano, D. Enaura, que denota toda fé e emoção. Dona Norata,
em outros tempos, deu sua contribuição. A meninada continua do mesmo jeito.
...
A Marechal era premiada pela
capela de Nossa Senhora das Candeias. Na festa de São Cristóvão, o ponto alto
era a grande passeata com carros, motos, caminhões, tudo que anda. Lembro-me
que a criançada enfezava e de qualquer jeito arrumava carona para participar,
as mães fechavam os olhos e ficavam rezando para nada acontecer.
Na ocasião do jubileu de
Congonhas, em setembro, passavam caminhões com a cabina cheia de romeiros e a
meninada gritava sem parar: -Olha os paus de arara! Ao que respondiam: É a mãe.
Os adultos, como geralmente
acontece, poucos se lembram e participavam das coisas uns com os outros, embora
todos fossem mais ou menos iguais. A diferença sempre ficava por conta da
meninada.
Fonte: Tributo à Rua Marechal
Floriano Peixoto. ANTONIAZZI, Reuber Lana. Editora do Autor, 1998.
MARTHA FARIA FERNANDES
Natural de Conselheiro Lafaiete,
filha de Henrique Nogueira de Faria e Marieta Marques de Faria. Funcionária
federal aposentada, participou de várias antologias e concursos. Recebeu a
medalha cultural da Revista Cultural de Brasília/DF e a medalha da Editora IPSIS/RJ
em 1991. Pela ACLCL recebeu premiações em diversos concursos literários,
recebeu ainda pela Câmara Municipal de Conselheiro Lafaiete o título de
Cidadania Benemérita. Faleceu em 17 de agosto de 2016 em Conselheiro Lafaiete.
Era membro-efetivo-fundador da Academia de Ciências e Letras de Conselheiro
Lafaiete.
Publicações: Divagando, De tempos
em Tempos, Recantos e Acalantos
ANOS DOURADOS
Foram esperanças vívidas
De sonhos e encantamentos
Algumas ilusões perdidas
Porém de belos momentos
Romântica mocidade!
Guardava, com tanto amor,
Relicários de saudade,
A carta, o retrato, a flor...
Na praça, encontros, passeios,
Inesquecíveis, constantes,
Aos domingos, os enleios
Das brincadeiras dançantes.
Carnavais muito animados
Com serpentina, confete,
Os clubes bem frequentados,
Sempre em festa, Lafaiete!
Os cinemas encantavam
Com bons filmes exibidos
E todos apreciavam
Seus artistas preferidos
Havia paz e alegria,
A cidade em expansão,
Com progresso e harmonia,
Ideal, trabalho, união.
Foi uma época feliz
Da nossa terra natal,
Por isso, agora se diz:
-Jamais haverá tempo igual!
Fonte: De tempos em tempos. FERNANDES, Martha Faria.
Consórcio Mineiro de Comunicação (CMC), 2007.
CLÁUDIA GUIMARÃES
Natural de Conselheiro Lafaiete,
nasceu em 1968. É escritora e pedagoga. Graduada pela FASAR fez sólida carreira
como professora de ensino infantil por mais de duas décadas. É fundadora e organizadora da Biblioteca Casa
de Guimarães, que presta serviços de empréstimos, como também ações pela
cidade. Realiza palestras em eventos e escolas ministrando sobre seu trabalho,
o incentivo à leitura e a proteção animal.
Publicações: Olhos de vira-lata
(2016), Bunitinha (2018).
OS GUIMARÃES
Meu avô Romeu Guimarães de Albuquerque e sua esposa Adélia Isabel de Almeida moravam na casa da praça, que ficava ao lado da Matriz de Nossa Senhora da Conceição. Vovô foi juiz de paz, jornalista, juiz de direito, entre outras coisas. Tinha uma vida metódica e escrevia em seu diário toda a vida familiar, profissional e política da época. Só usava terno preto, chapéu e relógio de bolso. Sua esposa vivia para cuidar da família numerosa e também de quem não fazia parte dela, já que estava sempre disposta a ajudar as pessoas. Era extremamente caridosa.
Sua casa era frequentada por
pessoas de todas as classes sociais e religiosas. Lá conviviam católicos,
espíritas, protestantes e ateus pacificamente. Católico por formação, era
incentivador da leitura e os filhos tinham livre acesso a qualquer tipo de
literatura e alguns simpatizavam-se com o comunismo, sem que o pai se opusesse.
Vovó Adélia morreu com 57 anos,
em 1939, e vovô, aos 90 anos, de velhice.
Vovô dormia todas as noites às 19
horas, inclusive no dia do seu aniversário de 90 anos, quando recebeu a visita
do prefeito da cidade. Desculpou-se com ele falando:
-O senhor não repare, mas costumo
dormir às 19 horas. Com licença...
E foi se recolher, não sem antes
pedir a nora, Antonita, que levasse um pedaço de bolo para ele no quarto, já
que a casa estava cheia de gente desde o almoço. O parabéns foi cantado sem o
aniversariante.
...
ALUISIO SANTIAGO CAMPOS JÚNIOR
Natural de Conselheiro Lafaiete,
nasceu em 22 de maio de 1962. Pertencia à Academia de Ciências e Letras de
Conselheiro Lafaiete e ocupava a cadeira 20, que tem como patrono José Leão. Graduou-se
em Direito, além de especialista e mestre em Direito Constitucional pela UFMG. Sua
grande paixão foi o magistério e a literatura.
Publicações: “A cada manhã”; “Viagem
ao corpo”; “Anjo nos telhados”; “Sensíveis jogos cênicos”; “A solidão dos
espelhos”; “O resto de tudo”; “Toda imperfeição do amor”; “Estragos de chuva”;
“Enquanto seu lobo não vem”; “Que diabo é esse trem? Dicionário de mineirês”; Entre
os jurídicos encontram-se “Direito de Propriedade”; “Direito de Família”;
“Direito das Sucessões” e “Posse”. Ao todo são 17 livros editados, entre
jurídicos, contos e romances.
INÉRCIA
O homem transformou o tempo em
esparsas horas, apoiando sua justificativa na negligência que se lhe vestiu.
Incapaz de se compor, porque a desídia de seus gestos revelaram-se anacrônicas,
deu-se por prostrado. Só pode ser doença, vê-se pelas olheiras e inapetência. A
felicidade deixou-o há dias como as contas vencidas na gaveta da cabeceira e os
jornais acumulados na porta, que delatam não haver alguém em casa, e a luz do
corredor acesa dia e noite, e a gota irritante da última torneira mal fechada
na pia da cozinha, onde as verduras estragam ao lado do azeite azedo, e os
farelos do bolo chamam formigas, que percorrem a casa, invadindo armários com
uma liberdade suspeita e clandestina.
Inércia nos músculos, dopados por
droga poderosa que consome os nervos. E ainda há quem diga que não é doença. O
hálito do homem é revelador de seu estado de espírito aos mais atentos. O seu
mostra uma boca cheirando a amargura, inconfundíveis os cheiros do desamor nela
refletidos, porque vêm de dentro das ousadas arapucas do coração. O pé de
chinelo desencontrado e o paletó deixado sobre a poltrona apontam o coração
como culpado. Detalhe fútil aos demais que não se dão a isso, mas vestígio
essencial ao olhar dos detetives que tratam das casas da paixão. Aqueles que
descobrem a passionalidade do crime no lenço úmido de lágrimas, na solidão dos espelhos que refletem
desamor na ausência, no crispar do riso, no tremor das mãos, no ódio dos
retratos, na expressão dos suicidas.
Não vê comida há três dias. A
inércia em tudo faz com que permaneça, e permanência nesse estado é
dessatisfação, moléstia, coma, pré-coma. O repouso é voluntário. Preguiça,
pachorra, mandriice, inação, indolência, moleza e desmazelo. Recluso, porque os
sinônimos antecedentes entorpeceram-lhe a musculatura inferior, como micróbios
perversos que fulminam lentamente as almas. Desídia, descaso, desprezo.
Vislumbra heróis decadentes. Os ídolos envelheceram e é tarde para chamar por
Roy Rogers. O Homem-Morcego é manco e Tarzan é rouco. Só um super qualquer
poderia ajudá-lo, mas isso é um delírio, e a tela lúdica foi quem eternizou
essa crença idiota. Para que lembrar coisas assim? Devastado, depravado,
decadente, desmemoriado. Se fosse mágico ele haveria de voltar e pagar por
tudo, como vilã de filme projetado em seus deslizes. Febre.
Qual vacina, qual remédio, qual
cura possível para um ser naquele estado? ...
Fonte: A solidão dos espelhos. CAMPOS JÚNIOR, Aluísio Santiago. Livraria Del Rey Editora, 1994.
LUCY DE ASSIS SILVA
Natural de Conselheiro Lafaiete,
é filha de João Baptista de Assis Silva e Zulmira Santos de Assis. Fez os
primeiros estudos no Grupo Escolar “Domingos Bebiano”, em seguida estudou no
antigo Ginásio “Monsenhor Horta”, finalizando com o magistério na Escola Normal
“Monsenhor Horta”. É professora aposentada e membro-efetivo-fundador da
Academia de Ciências e Letras de Conselheiro Lafaiete (ACLCL).
Publicações: Tem três livros de
memórias publicados: “Eu quero é prosa”; “Se esta rua fosse minha”; “Subindo e
descendo a ladeira”; além disso tem vários trabalhos publicados nas “Antologia
em Prosa e Verso”, da cidade de Conselheiro Lafaiete.
HOMENAGEM: PARABÉNS
PRA VOCÊ NESTA DATA FELIZ!
Novembro – o mês
O dia – quinze
Alto da colina – choro de criança
Nasceu o menino!
Na pia batismal – ANTÔNIO (xará do casamenteiro vizinho)
Para Egídio e Alzira apenas TONINHO
No cartório – ANTÔNIO LUIZ PERDIGÃO BAPTISTA
Perdigão do Museu! Exclamam os conterrâneos
ANTÔNIO DE QUELUZ! Alguém surgiu
Nós acatamos
Veio do ontem com as marcas de um longo caminho,
Trazendo na alma os sons da infância – sinos da velha Matriz, apito da
“Maria Fumaça”, sineta da escola...
...
Cavaleiro andante de modernos tempos, realizou o sonho pelo qual lutou –
Museu e Arquivo seu templo sagrado guardando histórias da veneranda Queluz,
Da sua terra, da nossa terra – berço em que pela primeira vez viu a
luz...
...
Fonte: Lafaiete em prosa e verso V.14. LIBÂNIO, Cleonice. Consórcio
Mineiro de Comunicação (CMC), 2008.
AVELINA MARIA NORONHA DE ALMEIDA
Natural de Conselheiro Lafaiete,
nasceu em 13 de novembro de 1934. Filha de Jair Noronha e Maria Augusta
Noronha, viúva de Luiz de Almeida, tendo 9 filhos. Fez todos os estudos no
Colégio de Nossa Senhora de Nazaré. Lecionou nas escolas estaduais “Inconfidência”
e “Pacífico Vieira” como professora primária. Fez exame de Suficiência na
Faculdade Santa Maria da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.
Lecionou Psicologia, Filosofia Educacional e outras matérias para classes do 2º
Grau do Colégio Nossa Senhora de Nazaré, Colégio Estadual Narciso de Queirós e
Colégio Monsenhor Horta. Pertence à Academia Municipalista de Minas Gerais, à
Academia de Ciências e Letras de Conselheiro Lafaiete, ao Colégio Brasileiro de
Genealogia e ao Instituto Histórico e Geográfico de Niterói. Organizou a
antologia “Poetas Queluzianos e Lafaietenses”
e a Agenda Santo Antônio de Queluz. Teve várias premiações em concursos
literários nacionais e internacionais. Participou de várias antologias de
outros estados e de todas as edições da antologia “Lafaiete em prosa e verso”.
Atualmente, escreve nos jornais “Correio de Minas” e “Correio da Cidade”, além
de se dedicar a pesquisas históricas e genealógicas
Publicações: Poetas Queluzianos e
Lafaietenses (1991), Agenda Santo Antônio de Queluz (1993), Garimpando no
Arquivo Jair Noronha (2013), O relicário (2017), este último em parceria com
José Marcos Gonçalves, provedor da Irmandade de Santo Antônio de Queluz.
A BELÍSSIMA DATA DA INDEPENDÊNCIA DE CONSELHEIRO LAFAIETE
Um retrospecto da criação da Real
Villa de Queluz:
Estava no ano de 1790, o dia era
19 de setembro. Naquela data iria acontecer o que sonhava o povo de Carijós: a
criação da vila. Uma petição fora feita ao senhor Visconde de Barbacena e
enviada a D. Maria I, rainha de Portugal. Entre outras coisas dizia:
“Illustríssimo e Excellentíssimo
Senhor Visconde de Barbacena. A Vossa Exa expõem, reverentemente os Moradores
das Freguezias de Nossa Senhora da Conceição, e de Congonhas do Campo, e de
Santo Amaro da Itaberava, quê, formando todos huma povoação conjunta de quase
vinte mil pessoas, com suficientes fundos, propriedades e terras incultas, e
distando das vilas de São José, São João, Villa Rica e Mariana, por onde são
demandados mais de quinze, vinte e trinta legoas, por ásperas Serras, caminhos
Solitários e passagens de Rios, sem que a justiça possa amparar prontamente os
orfaons e Viuvas pobres, nem defender a
tranquilidade pública de alguns facínoras e Salteadores; Desejão os suplicantes
merecer a Sua Majestade Fidelissima, o Foral e criação da nova Villa, com Corpo
de Câmara, Juiz Ordinário e de Orfaom, Vereadores, Tabelliaens e mais Offeciais
competentes, no Campo Alegre dos Carijós”; e prosseguia o documento com mais
considerações. ...
No dia muito esperado, o povo,
dominado pela alegria, encontrou na Praça Nova, que iniciava à frente da igreja
de Nossa Senhora do Carmo e ia até a parte de trás da Matriz. O Senhor Visconde
de Barbacena chegou acompanhado da comitiva e, lá do prédio da Câmara, assinou
o Auto da Criação da vila. No termo lavrado em livro especial, estavam
arrolados o dia da inauguração, o nome da vila, os limites e confrontações de
seu território, os nomes do ouvidor, do capitão-mor da vila e das outras
autoridades.
Estava criada a REAL VILLA DE
QUELUZ!
...
Fonte: Garimpando no Arquivo Jair
Noronha. ALMEIDA, Avelina Maria Noronha de. Conselheiro Lafaiete, LESMA, 2012.
(Artigo publicado originalmente no jornal LESMA)
JOSÉ DE ASSIS SILVA
Nasceu em Conselheiro Lafaiete,
mas reside em Belo Horizonte há vários anos. Formou-se em 1961 pela UCMG e
graduou-se em Direito. Integrou o Departamento Jurídico de instituições
financeiras, de mineração, siderurgia, imobiliárias e de agronegócio.
Concursado, ingressou na Advocacia Pública da União, exercendo o cargo de
Procurador da Fazenda Nacional, sendo também nomeado Procurador-Adjunto do
Estado de Minas Gerais. Aposentou-se como Subprocurador Geral da Fazenda
Nacional. Foi premiado em vários concursos literários dos estados de Minas
Gerais e de São Paulo.
Publicações: Lafaiete de Getúlio
a JK: três décadas da vida de uma cidade
O BARÃO
Pelos idos dos anos 40, criança ainda, curtindo a doce liberdade de andar por quase toda a cidade, nos sentíamos quase um adulto, pretensão amparada pela confiança dos pais e garantida pela placidez da então provinciana cidade.
...
A cadeia pública – onde hoje se situa o Museu Perdigão – aos olhos da criança que éramos, causava-nos espanto, terror até, só ao vê-la; exibia os presos, como sempre, amontoados, agarrados às grossas grades de ferro, pedindo cigarros, dinheiro ou mandando recados a parentes e conhecidos, por meio das pessoas que por ali passavam. Uns atendiam os seus pedidos, outros faziam ouvidos de mercador, o que gerava, quase sempre, palavrões, impropérios aos berros, que ecoavam por toda a praça, num desabafo de revolta.Ouvíamos dos pais e parentes que morava um barão na Praça Tiradentes. Um barão de verdade! Distanciávamos, naquela época (1942), pouco mais de cinquenta anos da Proclamação da República, porém, para a mente infante o Império era coisa muito antiga, demasiadamente distante e, por isso, inconcebível, a seu ver, que ainda estivesse entre nós alguma figura daquela época.
...
Fonte: Lafaiete de Getúlio a JK: três décadas da vida de uma cidade. SILVA, José de Assis. Edição do autor, 2012.
LUCY DE ASSIS SILVA
Natural de Conselheiro Lafaiete,
é filha de João Baptista de Assis Silva e Zulmira Santos de Assis. Fez os
primeiros estudos no Grupo Escolar “Domingos Bebiano”, em seguida estudou no
antigo Ginásio “Monsenhor Horta”, finalizando com o magistério na Escola Normal
“Monsenhor Horta”. É professora aposentada e membro-efetivo-fundador da
Academia de Ciências e Letras de Conselheiro Lafaiete (ACLCL).
Publicações: Tem três livros de
memórias publicados: “Eu quero é prosa”; “Se esta rua fosse minha”; “Subindo e
descendo a ladeira”; além disso tem vários trabalhos publicados nas “Antologia
em Prosa e Verso”, da cidade de Conselheiro Lafaiete.
SILVÉRIO DOROTHEU MACHADO
Silvério Machado era pessoa muito
respeitada por todos. Era vicentino e sempre pronto a ajudar aos menos
favorecidos. Atuou como músico, por mais de sessenta anos, fazendo parte da
corporação Santa Cecília. Trabalhador da mineração Morro da Mina, foi um dos
fundadores da banda de música daquela empresa. A banda do Morro da Mina fez sua
estreia no dia 22 de setembro de 1917, data em que o músico Silvério se casava
com a jovem Maria Augusta.
Na casa de nº 526, ainda de
propriedade da família de Silvério, reside sua filha Maria, funcionária
aposentada do INSS de nossa cidade. A outra filha, Cecília, que atualmente mora
no bairro Rosário, é professora de piano.
Os filhos de “seu” Silvério,
assim como todas as crianças da antiga Chapada, frequentavam o catecismo na
Capelinha da Paz com a catequista dona Angélica. Cecília, menina esperta e
atenciosa, aprendia rapidamente as lições. A primeira comunhão era feita no
colégio Nazaré, onde dona Angélica morava, a qual tinha tamanha dedicação ao
ponto de não somente buscar, mas levar as crianças de volta para casa (...)
Fonte: Subindo e descendo a
ladeira: história, memórias e saudades... SILVA, Lucy de Assis. Consórcio
Mineiro de Comunicação, 2005
WAIDD
FRANCIS DE OLIVEIRA
Nasceu em Conselheiro Lafaiete, no
Bairro Santo Antônio. É filho de Benedito Cândido de Oliveira e de Benedita
Silva Oliveira (in memoriam). É casado e pai de duas filhas. Graduou-se e fez
mestrado em Direito, fez também pós-graduação em Filosofia. Servidor público
federal, professor e diretor de ensino, pesquisa e extensão da Faculdade de
Direito de Conselheiro Lafaiete.
Publicações: No campo jurídico
“Constituição e Democracia Participativa”, no campo poético “Paisagem Interior”,
em parceria com sua filha Ana Helena Milagres de Oliveira.
MOMENTO
Hoje o sono é dispensável
diante dessa noite tão bela.
A lua compartilha uma lembrança
que insisto em cultivar
hoje, amanhã e sempre
A brisa suave compara-se ao seu
semblante
As estrelas sugerem essa admiração
que sinto ao contemplar
seu sorriso único
A insensatez de contar estrelas
Compara-se apenas com o exato momento
em que toquei seu rosto
Momento que se eternizou
com o brilho e a beleza
da maior testemunha de tantos
encontros e desencontros
A lua...
Fonte: Paisagem interior. OLIVEIRA, Waidd Francis de e Ana Helena Milagres de. Liga Ecológica Santa Matilde, 2016
CARLOS REINALDO DE SOUZA
Nasceu em Conselheiro Lafaiete –
MG e morou em Belo Horizonte por aproximadamente 20 anos. Por volta de 1980
voltou à terra natal e retornou às origens. Exerce a medicina, tendo este ideal
desde a infância. Escreve crônicas e poemas nos momentos de lazer. Participa de
diversas entidades culturais, científicas e filantrópicas. Sonha com um mundo
de paz, justiça e fraternidade.
Publicações: “Casulo de Letras
(Memorial Poético)”, 2010 / Participou da antologia “Les Plux Beaux Horizons de
la Poésie et de la Prose”, 2013 e participa anualmente da antologia “Lafaiete
em Prosa e Verso”.
NATUREZA VIVA
O sol, erguendo-se altivo,
beijou a relva do prado;
as águas serenas do lago
o vento osculou encantado.
A nuvem, invejosa, chegando,
com ciúme armou a tormenta
e a chuva, do céu jorrando,
as águas do lago aumenta,
até inundar todo o prado
e o sol encobrir-se, chorando.
Fonte: Casulo de Letras (Memorial Poético). SOUZA, Carlos Reinaldo de. Editora do Autor, 2010.
JANICE REIS MORAIS
Nasceu em 02 de maio em
Conselheiro Lafaiete, filha de José Felício Morais e Conceição Reis Chagas. É sócio-fundadora
e membro da diretoria da Associação AMAR, atualmente Ponto de Cultura. Em 2015
iniciou sua participação na Antologia Lafaiete em Prosa e Verso. Homenageou as
violas de Queluz (patrimônio imaterial de Conselheiro Lafaiete) na revista
“Contos e Letras Especial Bienal 2018”. Em 2019 participou de diversas
antologias no Brasil e em Portugal e de algumas edições das Revistas Literárias
SG MAG e Evidenciarte.
Publicações: Tem trova e poesias publicadas nas seguintes
coletâneas: “Trovadores do Brasil” (2022); “Aldravia mulher: feminino em
poesias” (2019); “Conexões Atlânticas” (2021); “Poetas pela paz” (2020); além disso
tem vários trabalhos publicados nas “Antologia em Prosa e Verso”, da cidade de
Conselheiro Lafaiete.
BIBLIOTECA
Silêncio
Tranquilidade
Conhecimentos no ar
na estante lado a
lado,
livro a livro
enfileirado,
cuidadosamente
organizado,
um a um catalogado,
novo sistema
informatizado,
ambiente modernizado
no mundo digital
visualizado,
amplamente
divulgado...
Essencial paraíso de
quem lê,
pesquisa,
escreve,
pega o livro
emprestado...
Prazer de um livro
físico folheado.
Biblioteca não ficou
no passado,
caminha com a
internet ao lado!
Fonte: Conexões Atlânticas: Brasil. MAYRINCK, Adriana; LOMELINO, Emanuel (Coord.). Editora In-finita, Lisboa, 2021
LEILA MEIRELES
Leila Maria
Rodrigues Meireles nasceu em Senhora de Oliveira, filha de João Rodrigues
Pereira e Maria Firmina Lana. Fez o curso primário em Senhora de Oliveira,
continuou os estudos em Piranga e terminou em Conselheiro Lafaiete, na Escola
Estadual Narciso de Queirós, formando-se em Magistério. Posteriormente cursou
Técnico em Contabilidade, no Colégio Monsenhor Horta. Trabalhou nas empresas:
Viação Sandra, Supermercado Brasil, Companhia Siderúrgica Nacional e Tribunal
de Justiça de Minas, onde se aposentou. Cursa Psicologia Relacional pela
Faculdade Dom Luciano Mendes de Almeida.
Publicações: Raízes
Culturais e peripécias da vida.
O NATAL
O primeiro presente a gente nunca esquece.
Acordei cedo.
- Papai Noel passou aqui, disse-me minha mãe.
- Onde ele está?
- Abra a janela.
Assim que abri a janela, minha mãe levantou a vidraça, ainda respingada,
pela chuva que caiu, à noite, deparei com uma caixinha, desembrulhada, em
formato de coração, de cor rosa, de matéria plástica. Emocionada, abri o
coraçãozinho e dentro dele, forrado com um pouco de algodão, estava uma linda
correntinha, de ouro, além de um par de brincos de bolinhas, também de ouro.
Que dia feliz!
Como na vida nem tudo são flores, tive que suportar a dor de furar as
orelhas.
Papai colocou uma rolha de cortiça, atrás de uma das minhas orelhas,
pressionou o brinco até furar.
Quem disse que eu deixei furar a outra!
Tanto me falaram: vai ficar coringa! Vai ficar coringa!
Pensei: coringa deve ser coisa feia, e o que eu quero, é ficar bonita.
Deixei furar a outra orelha.
Mais tarde, fiquei sabendo que aquele presente foi trazido pelo meu tio
Zé, que acabara de chegar de viagem, em lua de mel, com sua esposa, a tia Nali.
Fonte: Raízes Culturais e peripécias da vida. Liga Ecológica Santa Matilde, 2018.
GERALDO LAFAYETTE
José Geraldo de Almeida nasceu em
Conselheiro Lafaiete em 07 de março de 1969. Filho de José Rodrigues de Almeida
e Maria Luiza de Almeida e pai de dois filhos. Apaixonado pelas artes, sua vida
foi dedicada à cultura, principalmente ao teatro.
Deixou sua terra natal com 16
anos e em Belo Horizonte recebeu o pseudônimo de Geraldo Lafayette, paralelo
aos seus estudos de Filosofia e Artes Cênicas. Escreveu diversas peças teatrais
e poesias, e teve seus escritos publicados na coletânea anual “Lafaiete em
Prosa e Verso”. Foi Secretário Municipal de Cultura e principal idealizador do
Festival de Artes Cênicas de Conselheiro Lafaiete (FACE). Faleceu em 14 de
junho de 2024 e deixou um legado de grande incentivador de toda a cultura
local.
Publicações: Mendigando
Esperanças (2005), Ensaios teatrais: comédias (2006).
MENDIGANDO ESPERANÇAS
Toda vida
É marcada por passos e passagens.
Idas e vindas
Que se encontram
Nos caminhos tortos
De todo dia.
Longa caminhada
E, nela,
Estas palavras querem ser
Lenitivo de paz,
Água para a sede,
Luz para o breu,
Seta para o rumo certo,
Esperança de um amanhã melhor,
Sinal...
Realidade sem utopia.
Segurança de chegada...
Quem dera fossem...
Convicção de que, além,
Distante ou próximo,
Alguém espera!!!
Fé na gente,
Vamos adiante... avante!
Vamos “Mendigar Esperanças”
E nada mais que pensamento e vida.
Sem pretensões,
Sem julgamentos,
Vamos seguir jornada,
Pois a esperança anda escondida...
Em qualquer canto,
Quem sabe em nós mesmos?!
Fonte: Mendigando Esperanças. LAFAYETTE, Geraldo. Consórcio Mineiro de Comunicação, 2005.
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